Como cultivar o KI- 気

Fonta: http://aikidonotas.blogspot.com.br

Pessoal, esse site é muito bom. Eu aprendi algumas coisas quando fiz Nei-kun e utiliza princípio de Ki que possui semelhança.


Como cultivar o Ki – 1ª Parte

Respiração

Rejeitar o velho e absorver o novo (tu gu na xin) Zhuangzi.

Descrição de exercícios respiratórios da dinastia Zhou (século VII a.C.) por Helmut Wilhelm: Retém-se o Ki para que ele acumule. Uma vez acumulado, dilata-se. Quando dilata, desce. Quando desce, acalma-se. Quando se acalma, consolida-se. Quando se consolida, começa a crescer. Quando começa a crescer, é novamente puxado e contraído para as regiões superiores. Quando puxado, atinge o topo da cabeça. Em cima, exerce pressão para cima. Embaixo, empurra para baixo. Quem seguir esses princípios viverá; quem for de encontro a eles morrerá.

A respiração é a irmã física do Ki, pois ambos se comportam da mesma forma, deste modo, ao centrar-se na respiração se faz aumentar o fluxo Ki. Mas não se pode esquecer de que tudo isso é controlado pelo pensamento, assim segundo o Tratado do Metre Wu Yu-Hsiang: Teu poder interno deve ser controlado pela mente e pelo espírito. Não procures controlar o teu corpo somente pela respiração, pois isso tornará lentos e pesados os teus movimentos. O controle do corpo pela respiração não gera poder interno algum; só se fugires desse erro poderás gerar o mais puro e o mais forte poder interno.

O Ki é inalado e exalado através de qualquer parte do corpo. Mas quem gerencia estes fluxos é oTanden. Por exemplo, quando se executa um tsuki, exala-se Ki a partir do Tanden através de punho e quando se puxa alguém ou alguma coisa deve-se inalar o Ki através do ponto de contato até o Tanden.

Normalmente, mas nem sempre, movimentos de distanciamento ao corpo (para fora, empurrando) são mais bem executados com exalação de Ki, enquanto movimentos em direção ao corpo (puxar, colar) com a inalação. Com isso o praticante deverá trabalhar a respiração durante a execução dos movimentos, devendo esforçar-se por coincidir os dois tempos da respiração com os diferentes movimentos, da seguinte maneira: a inspiração corresponde a quatro tipos de movimentos: movimento de contração do corpo ou dos braços, movimentos para cima, movimentos de elevação, movimento aberto; a expiração corresponde aos quatro tipos inversos: movimento de extensão, movimento para baixo, movimento de pressão, movimento fechado.

Os chineses consideram a inspiração com Yin, e a expiração como Yang; este último tempo, portanto, o mais importante, é aquele para o qual se dirige a atenção e é nele que o executante distende progressivamente todas as partes do corpo; é também durante a expiração que ele emitirá a energia para tocar o adversário.


Como cultivar o Ki – 2ª Parte

Relaxamento e Pensamento

Sempre que, por qualquer motivo, a vida pára, chega-se a um endurecimento, e quando essa rigidez atinge a pessoa, cria-se um bloqueio no caminho interior.

Existem inúmeras tensões de resistências que surgem por toda parte, onde quer que o homem se apegue a algo. Assim ele se contrai para manter determinada posição, para conseguir realizar um determinado desejo, por medo, para dominar determinada agressão, devido aos seus ressentimentos, convenções ou necessidades impulsivas, etc.Somente quando o homem aprende a se estabelecer no seu centro com um gesto de confiança ininterrupto e consciente e entregar-se com fé, é que ele se sentirá relaxado, isto é, perderá o medo.

O completo relaxamento significa o mesmo que abandonar a preocupação pessoal e deixar-se acolher pela essência. Quem consegue fazer esse gesto confiante de descontração sentirá de uma só vez que o medo desaparece.

Segundo o Tratado do Mestre Wu Yu-Hsiang: A mente deve estar centrada com um gato sossegado, está tranqüilo, mas é capaz de reagir instantaneamente à visão de um rato que corre.

Para relaxar deve-se soltar completamente, tanto mental quanto fisicamente. Deve-se entregar totalmente ao universo inteiro, entregar-se ao infinito.

Outro exemplo é descrito por Waysun Liao: Quando uma garrafa de água, tampada, é jogada num lago, a água da garrafa não muda. Mas, quando a água da garrafa é jogada diretamente no lago, ela deixa de ser a água da garrafa e se torna a água do lago. Por isso, usando a imaginação, deve-se sentir moldável como a água, totalmente flexível, passiva em relação à forma do seu recipiente. Quando a água que é você for derramada no lago, você será o lago.

Está dito no Tratado sobre Taiji Quan e que pode ser empregado em qualquer arte marcial interna: Tudo reside no emprego do pensamento em lugar da força. Durante a prática, todo o corpo está distendido, de sorte que não subsiste a mínima energia grosseira, estagnada entre os ossos, os músculos ou as veias, amarrando-nos a nós mesmos. Somente desta forma se pode efetuar a passagem de um movimento para outro com rapidez e facilidade, e executar os movimentos giratórios com naturalidade. O corpo humano possui canais de circulação do Ki. Quando uma energia dura enche os canais, o sangue e o Ki se vêem tolhidos, os movimentos giratórios carecem de agilidade e basta puxar um fio de cabelo para que todo o corpo o siga. Se em lugar da força muscular se empregar o pensamento criador, aonde quer que chegue o pensamento chegará o Ki. Desse modo, o sangue e o Ki circulam continuamente no corpo, sem parar um só instante. Graças a um longo treinamento, adquire-se a verdadeira energia interior e a agilidade e a flexibilidade extremas produzem a resistência e a rigidez extremas. Aqueles que estão familiarizados com a essa técnica e a dominam têm os braços semelhantes ao ferro envolto em algodão – a força aí penetrou profundamente.


Como cultivar o Ki – 3ª Parte

Primeiro Exercício: Respiração Profunda

Objetivo: tomar consciência do Ki.

  1. Em pé ou sentado, numa postura simples e correta;

  2. Relaxar o corpo inteiro como se estivesse dormindo; trabalhar para que não haja nenhum vestígio de tensão física.

  3. Acalmar a mente e concentrar no corpo inteiro, ouvindo a respiração, sentindo o bater do coração, etc., até ser capaz de sentir o ritmo natural do corpo.

  4. Elevar o espírito, elevando o topo da cabeça. Imaginar que o topo da cabeça está como que suspenso de um fio que o puxa para o alto. Aos poucos, procurar respirar mais profundamente e puxar o ar diretamente para o Tanden.

Depois de algumas semanas ou meses de prática, pode-se começar a perceber uma sensação que segue o ritmo da respiração profunda. Esse é o Ki, a energia interna.


Como cultivar o Ki – 4ª Parte

Segundo Exercício: Respiração com Ki

Objetivo: tomar consciência do Ki fluindo pelo corpo.

  • Sentado (seiza) ou em pé;

  • Executar o exercício da respiração ritmada com os tempos de 4 para inspiração, 4 no intermediário; 4 na expiração e 4 aguardando;

  • Após a inalação e antes da exalação, ao seja, durante o tempo intermediário, onde não há mais ar sendo inalado, deve-se sentir como se o estivesse inalando;

  • Depois da expiração, no tempo aguardando a próxima inspiração, também se deve sentir como se estivesse exalando o ar.

Este sentimento de inalar e de exalar, quando não há movimentação de ar para os pulmões é o fluxo de Ki.


Como cultivar o Ki – 5ª Parte

Exercício Complementar: Descida do Ki

Objetivo: este é um exercício complementar de trabalho da respiração e do Ki.

  1. Em pé, com os braços ao longo do corpo, procurando relaxar completamente;

  2. Posição da língua virada contra o palato duro;

  3. Durante a expiração, fazer incidir o peso do corpo sobre o pé direito;

  4. E durante a inspiração, fazer incidir o peso do corpo sobre o esquerdo.

Este exercício facilita a descida do Ki para o Tanden.

Depois de conseguir sentir o fluxo do Ki, pode-se começar a guiar o Ki enquanto se pratica os katas ou técnicas deixando ele fluir livremente, dirigindo-o com facilidade pelo corpo e através dos movimentos e, assim, a mente e o corpo alcançam a harmonia.


Como cultivar o Ki – 6ª Parte

Controle do Ki com a respiração

  • Nos primeiros estágios de consciência, o Ki se parece com o ar inalado que flui pelo corpo. Aos poucos a pessoa torna-se capaz de sentir que, no corpo inteiro, o Ki circula com o ar. Para ter essa percepção do Ki se pode dedicar as seguintes etapas de prática:

    • Preparação: topo da cabeça suspenso do alto, o pescoço relaxado sem que a cabeça deixe de estar na vertical, a língua encostada na parte de trás do céu da boca, lábios e dentes cerrados e o corpo inteiro relaxado. A prática pode ser feita em pé ou sentado.

    • Caminho do nariz ao Tanden: Depois de relaxar completamente, guiar a respiração para baixo, para a região do abdômen. A barriga deve se expandir suavemente à medida que o ar entra nela. Esperar até sentir a necessidade de exalar o ar para, então, contrair lentamente os músculos da barriga e expulsar o ar para cima e para fora, soltando-o pelo nariz. Sempre que inalar imaginar que o ar está sendo conduzido ao Tanden, e, na exalação, senti-lo tomando o caminho contrário.

    • Girar a bola de Ki: Considera-se que o Tanden assume a forma de uma bola durante o processo de inalação. É preciso, para obter o controle deste efeito, contrair, durante a inalação, os músculos macios da região do períneo para cima e para trás, levando-os em direção à base da coluna vertebral. Desta forma o Ki começa a girar também para trás e para cima. Este giro que pode ser de apenas uma revolução, poderá ter um número cada vez maior de voltas antes da respiração.

    Outro método é a produção de um movimento giratório no interior do Hara que se orienta para a direita nos homens e para a esquerda nas mulheres. Para isso deve-se conduzir o Ki com o pensamento e fazê-lo girar do centro para a periferia em circunvoluções cada vez maiores. Voltar, em seguida, do exterior para o interior em circunvoluções cada vez menores. Após algum tempo, já não há necessidade de empregar o pensamento, pois o movimento giratório se efetua espontânea e continuamente. A roda da lei gira sozinha.


Como cultivar o Ki – 7ª Parte

  • Caminho do Tanden até o topo da cabeça: Inspirar o ar pelo nariz, conduzi-lo ao Tanden, e então deve-se fazê-lo girar e na expiração conduzi-lo, ao longo da coluna vertebral, até o topo da cabeça e, após, sair pelas narinas.

Outra forma é, a partir do Tanden, durante a inspiração, enviar o Ki pela coluna vertebral acima até atingir o topo da cabeça. Pode-se depois inverter o caminho, durante a expiração, conduzindo-o para baixo, pela coluna, até o Tanden e depois para cima, pela frente, até as narinas afora, ou senão do topo da cabeça até o ponto intermediário entre as escápulas.

  • Caminho do Tanden até as mãos: depois de obtido o sucesso na prática das etapas anteriores, pode-se passar a dirigir (durante a exalação) a sensação do Ki para cima, ao longo da coluna vertebral, partindo da base da coluna até um ponto situado bem no meio das duas escápulas, passar pelos ombros, descer pelos braços e chegar até o centro das palmas das mãos; ao mesmo tempo deve subir pela coluna vertebral, partindo doTanden, passar pelo topo da cabeça e sair pelas narinas. Na exalação, deve-se dirigir o Ki simultaneamente por esses dois caminhos.


Como cultivar o Ki - 8ª e última parte

Outra forma seria na inalação conduzir o Ki até o Tanden fazendo-o girar e dirigi-lo até o ponto entre as escápulas. Após, na exalação, conduzir o Ki pelos ombros, braços até o centro das mãos, ao mesmo tempo em que guia o Ki pelo o topo da cabeça até as narinas.

  • Caminho do Tanden até a sola dos pés: na expiração, o fluxo de Ki desce até as solas dos pés, focalizando-se então neste ponto colabora-se para o desenvolvimento do enraizamento.

  • Caminho do corpo inteiro: para avançar ainda mais no controle da respiração, pode-se fazer com que o Ki circule pelo corpo inteiro. Os caminhos anteriormente descritos são apenas rotas imaginárias, concebidas para intensificar a percepção do fluxo de Ki; o ato físico de respirar deve ser empreendido sempre do mesmo modo que foi descrito no começo de cada procedimento; e as rotas imaginárias e os movimentos de inspiração e expiração devem harmonizar-se entre si.

Depois de dedicar-se às sete etapas anteriores, deve-se praticar um estágio de cultivo natural, chamado Yan chi e descrito pelo Mestre Cheng Man-ch’ing como wu wong wu chu, o que significa: nem ignore o seu Ki nem tente ajudar no seu crescimento. Uma analogia feita por Waysun Liao ajuda a compreender isso: quando você planta uma árvore, não a fará crescer mais rápido se cuidar demasiado dela; mas, por outro lado, também não deve esquece-la completamente. O cuidado adequado e constante é a melhor maneira de garantir que a árvore cresça.

Referências:

[1] Wikipedia
[2] LIAO, Waysun. Clássicos do T’ai chi. 2ª ed. São Paulo: Pensamento, 2006.
[3] CHIA, Mantak; Li, Juan. A Estrutura Interior do Tai Cho: Tai Chi Chi Kung I. São Paulo: Pensamento, 2003.
[4] STENUDD, Stefan. Qi: Increase your Life Energy. BookSurge, 2006.
[5] Dürckheim, Karlfried Graf Hara – O Centro Vital do Homem
[6] DESPEUX, Catherine. Tai-chi Chuan: Arte marcial, técnica da longa vida. São Paulo: Pensamento, 1991.
[7] JWING-MING, Yang. The Essence of Tai Chi Chi kung: Healt and Martial Arts. Boston, Massachusetts: YMAA, 1990.

SOBRE O KI NA CULTURA JAPONESA, por Yiuki

Marina, divido um pouco da cultura japonesa contigo ;)

気 - Ki - Energia Vital

A energia vital que toda a matéria e os seres vivos possuem em japonês se chama Ki (気), um kanji que possui origem do ideograma chinês. Ele é usado em varias locuções linguísticas no quotidiano japonês, muitas vezes absorvemos essas expressões sem refletir o por quê de se usar esse ideograma nelas. Compartilho abaixo um pouco da cultura japonesa com vocês. Yiuki Doi

  1. Sentimento = kimoti (気持ち) = ki (energia) + moti (segurar) = Sentimento é como asseguramos as energias.
  2. Favorito = kiniiri (気に入り)= ki (energia) + ni (preposição de destino) + iri (entrar) = Refere-se àquilo que favorecemos a entrada dentro do nosso ki.
  3. Não ligar = kinishinai (気にしない) = ki (energia) + shinai (não fazer) = Não ligar, não se preocupar ou não se importar em japonês significa não transformar em energia. O contrario disso seria Kinisuru (気にする) que significa se importar-se, preocupar-se e ligar-se.
  4. Avoado = nonki (呑気) = non (repuxado, retido, engolido) + ki (energia) = Uma pessoa avoada é aquela que repuxa o seu ki desconectando-se do seu entorno. É dita como sossegada e tranqüila, mas como é desligada da realidade geralmente não é bem vista dentro da sociedade.
  5. Ter atenção = kiwotsukeru (気を付ける)= ki (energia) + wo (preposição) + tsukeru (conectar) = Ter atenção é conectar a nossa energia para as coisas que nos rodeiam. Muitas vezes também se usa a expressão Kigakiku (気が利く) no japonês. O Kiku significa eficiente e por isso Kigakiku se refere as pessoas que possui a capacidade de entender o contexto e ser eficiente nela. É apreciada essa virtude para um japonês, pois entender e fazer parte do lugar ou da situação são essenciais numa convivência nipônica. No português tem uma palavra que lembra o Kigakiku, seria o Prestimoso.
  6. Espairecer = kibarashi (気晴らし) = ki (energia) + barashi (fazer um céu azul) = Dissipar as nuvens internas para que nosso ki se clareie que nem um céu azul.
  7. Mesurar-se = kigane (気兼ね) = ki (energia) + gane (combinar) = Para combinar a energia com os outros precisamos restringir uma parte nossa, nesse contexto usamos a palavra kigane em japonês. Kigane é cansativo, pois existe uma restrição e privação de energia. Algumas pessoas causam isso e outras vezes algumas situações ocasionam isso. Kigane é necessário num contexto social japonês, faz parte da educação nipônica. No Japão não se aprecia pessoas efusivas e expansivas demais, as energias pessoais devem estar de acordo com o ambiente.
  8. Estado físico = kibun (気分) = ki (energia) + bun (parte) = kibun não está bem, kibun está mal. Estado físico é uma parte do Ki de uma pessoa. Assim pela etimologia podemos concluir que somos um ki maior do que somente a matéria.
  9. Ater-se = kininaru (気になる) = kininaru = ki (energia) + ni (preposição de destino) + naru (transforma-se) = Usa-se esse termo kininaru para algo que se torna energia dentro de ti. Pode ser preocupação, curiosidade, afeição, etc. Algo externo chama a sua atenção, pois ele se torna energia.

P.S. Pesquisei a etimologia dos ideogramas e interpretei com a minha vivência como nissei.

P.S. Certa vez aprendi na Nova Acrópole Curso de Filosofia à maneira Clãssica que a tradição pode ser entendida como aquilo que ser repete independente do tempo, espaço e cultura. Desta maneira, em muita ocasiões não sinto a diferença entre o uso da palavra Chí (China), Ki (Japão), Axê (África) e Prana (Índia).

P.S. Outra curiosidade, Aikidô em japonês escreve 合気道.
• Ai (合) = unificação, integração ou sintonia;
• Ki (気) = energia vital, a força vital que, num sentido restrito, anima o ser humano e, num sentido amplo, é o campo de energia que permeia todo o universo;
• dô (道) = caminho, senda.

Um comentário:

ESCAMBO CINÉTICO: Yiuki Doi e Ralf Jaroschisnki

FONTE/INSCRIÇÃO: Sympla O Centro Cultural Teatro Guaíra através do Balé Teatro Guaí ra, em parceria com a ABABTG, lança a terceira oficina ...