Fonte: http://projetointimidadedoc.wix.com/intimidadedocil
ATENÇÃO: Informamos que, neste fim de semana (14 e 15/09), infelizmente, não haverá apresentações do espetáculo Intimidade Dócil. Pedimos desculpas e logo comunicamos as apresentações extras.As apresentações previstas para o próximo final de semana (20, 21 e 22/9) acontecem normalmente.
O espetáculo de dança contemporânea "Intimidade Dócil" se apresenta em setembro no Espaço Obragem, em Curitiba. A peça investiga corporalidades que partem de questões sobre o controle, os dispositivos de vigilância e da exposição de uma intimidade manipulada. É sobre um corpo que desde sempre não aguenta mais, mas, apesar da exaustão, precisa permanecer e insistir. A peça partiu de questões como: Que tipo de corporalidade esses dispositivos geram no corpo? É possível profaná-lo? Propor uma outra relação? Como fica nossa intimidade? Como resistir? Qual é o limite? As perguntas foram ampliadas e talhadas na estética artística, invetigando a recepção do público, e as possibilidades imagéticas que esses dispositivos de vigilância geram.
Serviço:
- De 5 à 22 de setembro (sextas, sábados e domingos – com exceção da estréia na quinta-feira dia 5/09)
- Horário: 20h.
- Local: Espaço Obragem – Alameda Júlia da Costa, 204 bairro: São Francisco
- Entrada Franca
- Faixa-etária: a partir de 16 anos
Ficha técnica :
- Criação, concepção e performance: Bruna Spoladore e Renata Roel
- Colaboração Artística: Elke Siedler, Gladis Tridapalli e Olga Nenevê
- Palestrantes Convidados: André Macedo Duarte e Maíra Spanghero
- Projeto AudioVisual: Jéssica Lorena
- Trilha Sonora: Demian Garcia
- Figurino: Eduardo Giacomini
- Arte Gráfica: Thalita Sejanes
- Iluminação: Érica Mitiko
- Assessoria de Imprensa: Fernando de Proença
- Produção executiva: Bruna Spoladore, Diego Marchioro e Renata Roel
Vídeo:
Sobre a pesquisa:
Intimidade dócil surge da parceria estabelecida desde 2010 entre as artistas Renata Roel e Bruna Spoladore, este encontro emerge do interesse comum de aprofundar experimentos e experiências sobre os desdobramentos do olhar enquanto compositor da cena dançada e ampliamos a discussão para os dispositivos de vigilância/controle.
"Intimidade dócil" tem como questão principal discutir o conceito de panóptico a partir de “Vigiar e Punir” de Michel Foucault (1987). O conceito parte da ideia de que o olhar está alerta em toda parte e fala de uma dissociação entre ver e ser visto. No panóptico há um observador privilegiado que tudo vê em oposição a alguém que é observado, mas que não pode ver o observador.
A ideia do trabalho é assim discutir este conceito que está muito presente em nosso cotidiano com as câmeras de vigilância, programas de televisão como “Big Brother” e “A fazenda”, com a tecnologia digital que permitiu a uma grande maioria produzir imagens com dispositivos móveis e compartilhá-las na internet em blogs, redes sociais, sites como o youtube e o vimeo, dentre outras possibilidades.
Desta forma, interessa-nos ampliar essa discussão para a estética artística, a recepção do público, e as possibilidades imagéticas que esses dispositivos de vigilância geram no corpo, no olhar e no modo como acessamos o outro. Por isso, a partir das tecnologias digitais buscamos uma poética que transita entre o ver e o ser visto, entre estados de olhar e ser definido pelo olhar do outro, outro que, neste caso não necessariamente um sujeito, mas também a câmera.
O projeto se desenvolve a partir do conceito de panóptico, estudando fisicamente os estados corporais de observar e ser observado que estamos cotidianamente expostos.
Pan-óptico é um termo utilizado para designar um centro peninteciário considerado ideal. Ele foi desenhado pelo filósofo Jeremy Bentham em 1785. O conceito do desenho permite a um vigilante observar todos os prisioneiros sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados, é a dissociação entre ver e ser visto, muito importante para que este dispositivo funcione.
O nome aplica-se também a uma torre de observação localizada no pátio central de uma prisão, manicômio, escola, hospital ou fábrica. Aquele que estivesse sobre esta torre poderia observar todos os presos da cadeia (ou os funcionários, loucos, estudantes, etc), tendo-os sob seu controle.
O termo também é utilizado na obra Vigiar e Punir, de Michel Foucault, para tratar da sociedade disciplinar e pelos teóricos das novas tecnologias, como Pirre Lévy e Dwight Howard Rheingold, para designar o possível controle exercido pelos novos meios de informação sobre seus usuários.
O conceito de panóptico está assim relacionado a um dispositivo de controle social, obediência civil e, apesar de ter sido pensado, a princípio, para um centro penitenciário, podemos perceber hoje o quanto este dispositivo se expandiu e está presente em todos os ambientes.
Se formos pensar na morfologia das palavras panóptico e vídeo podemos perceber já algumas aproximações: pan, em grego: tudo, óptico, relativo à visão, que poderia ser traduzido como visão que tudo vê e vídeo: eu vejo.
Este projeto foi contemplado com o Prêmio Funarte Petrobras de Dança Klauss Vianna/2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário