Postagem retirado do blog do Francofonia: http://francofonia.blogspot.com.br/2008/09/dana-portas-abertas-ao-inesperado-casa.html
Casa Hoffmann reúne público e artistas em improvisações de dança e músicaFotos: Franco Fuchs
Público da feira é atraído pelo projeto Dança de Portas Abertas.
Domingo de sol em Curitiba. Feira do Largo da Ordem lotada. De repente, parte do povo que saracoteia entre barraquinhas de artesanato começa a se aglomerar diante da Casa Hoffmann. Através de suas portas escancaradas é possível ver lá dentro um grupo de pessoas mexendo o corpo de diversas maneiras possíveis, dando pulos, se arrastando pelo chão...
Tudo isso embalado por uma orquestra do barulho, composta por instrumentos como guitarra, tambores, reco-reco, flauta, sax, berimbau e até didgeridoo (instrumento dos aborígines australianos).
Mais de dez pessoas executam uma espécie de música tribal, feita de improviso, e o detalhe é que muitos desses músicos estão longe de serem considerados profissionais. E isso pouco importa, pois muitos que estão dançando (sim, o que eles fazem é uma dança!) também não são bailarinos profissionais e mesmo assim essa manifestação espontânea não deixa de impressionar.
Tanto que não demora muito e os espectadores mais curiosos vão se sentando no chão da casa. Alguns, inclusive, ante o convite de quem está dançando ou tocando, tomam coragem e embarcam nessa performance coletiva.
E para quem ainda não entendeu o que se passa na Casa Hoffmann (muita gente não sabe que ali funciona o Centro de Estudos do Movimento), um banner postado num canto do salão dá uma pista. Nele se lê: “Dança de Portas Abertas. Entre que a casa é sua. Último domingo de cada mês, das 12 às 14h”.
Tocando didgeridoo, o músico Marco Rangel, do grupo Gaia Piá.
Encontros para o improviso
Implementado desde 2006 na Casa Hoffmann, o projeto Dança de Portas Abertas reúne artistas de diversas áreas e também pessoas que não são ligadas diretamente à arte para a realização de improvisações coletivas – as chamadas jam sessions – envolvendo principalmente a dança e também a música.
Numa jam, tudo pode acontecer, e é isso que leva o ator Lyncoln Diniz a elas. “Sem ter combinado nada, pessoas que nunca se viram acabam se encontrando e se dispondo a interagir. Isso é muito interessante”, diz ele. “No caso do teatro, a gente está acostumado a marcar ensaios em que já levamos idéias prontas. Aqui não. Você entra desarmado”, compara. De acordo com Lyncoln, a sua movimentação surge a partir do “jogo” com quem está no salão. “Eu tento embarcar no que está acontecendo e também propor coisas novas. O importante é esse jogo. Você influencia e é influenciado pelos outros”, explica.
Cena de uma jam session na Casa Hoffmann.
A bailarina e jornalista Bel Nejur também expõe o seu processo de improvisação. “O movimento pode surgir a partir de vários meios”, diz ela. “Tanto a música como a visualização dos outros que dançam podem ser estímulos para a criação”. Mas nem por isso os movimentos que Bel executa são completamente aleatórios. Pela sua formação como bailarina, ela afirma estar ligada com tudo o que acontece ao seu redor e que a dança lhe surge de modo consciente em seu corpo.
Situação que pode ser diversa, por exemplo, de alguém que não é da área de dança e que começa a desenvolver movimentos sem se preocupar com o que está fazendo. “Mas tudo é válido”, ressalta Bel. “Cada um vem para cá com um objetivo diferente. Alguns vêm simplesmente para se divertir e relaxar”.
Popularizando a Casa Hoffmann
Além de estimular a criatividade, de promover reflexões e encontros inesperados entre as pessoas, o Dança de Portas Abertas também serve para aproximar a Casa Hoffmann do público em geral, visto que muita gente acaba entrando nesse espaço pela primeira vez durante o evento.
Administrada pela Fundação Cultural de Curitiba desde 2003, a Casa Hoffmann é sede do Centro de Estudos do Movimento, onde são desenvolvidos uma série de cursos, palestras e apresentações voltadas para a dança.
Serviço
Dança de Portas Abertas. Domingo (31), das 12h às 14h. Entrada livre. Casa Hoffmann - Centro de Estudos do Movimento. Rua Claudino dos Santos, 58, Largo da Ordem. Tel.: 3321-3228.
*Publicado no Espaço 2 do Jornal do Estado (30 e 31/8/8)
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