Gente, compartilho alguns dos pensamentos da Jussara Miller sobre técnica ;) Yiuki
TÉCNICA COMO PROCESSO INVESTIGATIVO - Jussara Miller apresenta a maneira como Klauss Vianna compreendia a técnica e o uso dela. Para Vianna, o pensamento de técnica não é sinônimo de aquisição acumulativa de habilidades corporais oriundos de repetições mecânicas. Ele acreditava que no interior da técnica deveria haver espaço para o movimento único - para investigação e contribuições individuais. A pesquisadora pontua que é comum na dança a prática exaustiva e repetitiva de exercícios para conseguir movimentos virtuosos. Porém, na atualidade é necessário o entendimento da técnica como um conjunto de vários procedimentos de investigação e aplicação de conteúdo em prol de um indivíduo descobridor e reconhecedor de si. Uma alerta descrita neste tópico é o cuidado de não hierarquizar as técnicas corporais, pois existem técnicas somáticas que melhoram o desempenho de outras técnicas (balé, circo, música etc.), no entanto, isso não significa que uma é preparação corporal para realizar a outra. A exemplo disso temos a técnica de Klauss Vianna, onde dançar já está imbuído do pensamento somático e, por essa razão, ela também pode contribuir para outras técnicas de dança. O diferencial nessa metodologia é que a própria construção didática já faz parte do processo investigativo prático da técnica, permitindo a ressignificação e atualização da técnica pelo próprio praticante.
TÉCNICA E CRIAÇÃO - A pesquisadora Jussara Miller trabalha a técnica como processo investigativo e criativo do corpo sensível do dançarino. Ela compreende-a como processo de construção do próprio corpo através da percepção e da experiência somática, os quais respeitam a individualidade do aluno a fim de promover descobertas e reformulação de si mesmo. É um procedimento que vai de contra ao adestramento, o condicionamento e a mecanicidade. A técnica é entendida como processo de investigação corporal para acessar um corpo cênico no território do corpo sensível e do corpo poético. Isto significa que não há separação da aula regular do processo de criação, as duas coexistem e por isso o aluno pesquisador trabalha todo dia a escuta do corpo criativo. Nesse ponto, acontece algo interessante, ao introduzir a criação na prática regular surge a flexibilização e auto regulação da própria técnica pelo praticante. Para Vianna criar significa estar no terreno das incertezas, os quais abrem possibilidades para erros e acertos.
REFERÊNCIA:
MILLER, Jussara. DANÇA E EDUCAÇÃO SOMÁTICA: A técnica na cena contemporânea. Seminário de Dança: O avesso do avesso do corpo: educação somática como práxis, Joinville, v. 4, p.147-161, 2011. Anual. Disponível em: <http://www.ifdj.com.br/site/wp-content/uploads/2015/10/IV-Seminarios-de-Danca-O-Avesso-do-Avesso-do-Corpo.pdf>. Acesso em: 06 out. 2016
SOBRE TÉCNICAS NA DANÇA
“Podemos fazer várias técnicas da dança, se o aprendiz é um investigador e criador, ele conseguirá subverter até uma didática mecanicista. Pois precisamos lembrar que antes de se tornar uma técnica fechada houve ALGUÉM QUE EXPERIMENTOU, INVESTIGOU E CRIOU aquela técnica. Se você consegue ver além da forma, conseguirá encontrar algo interessante nos 32 fouetté do Balé :) No entanto, enquanto facilitador e professor, sim, precisamos ter um olhar critico para não reproduzir metodologia e dídática que não nos interessam.” (Yiuki Doi)
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